Governo argentino vai avaliar caso a caso dos perseguidos políticos no Brasil refugiados na Argentina

O porta-voz da presidência argentina, Manuel Adorni, anunciou no dia de ontem, segunda-feira (10/06), em uma entrevista coletiva que o país analisará individualmente a situação dos brasileiros que participaram das manifestações de 8 de janeiro e que pediram asilo político na Argentina, alegando perseguição pelo governo do Lula e pelo STF no Brasil.

"Em princípio, vamos cumprir a lei e, se efetivamente há delinquentes nas condições que você menciona, será seguido o caminho legal correspondente", respondeu Adorni a uma jornalista brasileira.

Adorni explicou que a Comissão Nacional para os Refugiados (Conare) será responsável por esses casos e garantiu que serão seguidas as normas internacionais aplicáveis aos perseguidos políticos.

No entanto, o porta-voz não confirmou se o governo argentino recebeu uma lista com os nomes de 143 pessoas foragidas, supostamente entregue pela Embaixada do Brasil em Buenos Aires, nem se há 48 dessas pessoas na Argentina.

No último sábado (08/06), a ministra da Justiça argentina, Patricia Bullrich, declarou em entrevista a uma rádio local que não tem conhecimento da presença desses brasileiros no país, qualificando a discussão até o momento como "propaganda", pois nenhum pedido formal foi feito pelo governo brasileiro.

Bullrich afirmou que para considerar uma possível extradição, é necessário haver um processo, uma condenação e um alerta da Interpol, o que o Brasil ainda não fez. Ela ressaltou que, se for constatada perseguição política contra brasileiros inocentes, a lei argentina garante reconhecimento de perseguidos políticos e acolhimento como exilados.

Até agora, as declarações do governo argentino não indicam claramente se o país oferecerá refúgio aos brasileiros que alegam perseguição política. No entanto, há esperanças baseadas na boa relação do presidente argentino Javier Milei com grupos defensores da liberdade de expressão e opositores de regimes de esquerda no Brasil e no mundo. As chances de concessão de asilo político, portanto, são consideráveis.

(Revista Exílio)