CUIDADO COM ELE! Dirceu: “Direita está ganhando disputa político-cultural”
- Rejane Moraes
- 16 de jan. de 2024
- 3 min de leitura
Ex-ministro da Casa Civil no primeiro governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), José Dirceu afirmou neste domingo (14), que a direita “está ganhando” a disputa política e cultural no Brasil e defendeu uma “atualização política, teórica e de organização” para o PT. As declarações foram dadas em entrevista ao Pod13 Bahia, podcast do PT da Bahia.
Durante a conversa, Dirceu afirmou ainda que não só o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas legendas como o PP, Republicanos, União Brasil e PSD “estão ficando fortes”, construindo novos diretórios pelo país.
– O PT vai fazer um congresso em 2025. Precisamos pensar como vamos fazer uma mudança no PT. Se nós analisarmos a situação da direita, não é só parlamentar e eleitoral, também diretório, territórios e militância, PP, PR, PL, PSD, União Brasil, eles estão ficando fortes (…) Hoje, o Brasil está muito politizado, e em disputa político-cultural. E a direita está ganhando – apontou.
Dirceu não faz parte do governo, mas ainda é umas das lideranças do partido. Na semana passada, ele acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar anular condenações que somam 32 anos na Operação Lava Jato. A defesa do ex-ministro pediu que o STF reconheça que ex-juiz Sergio Moro, atualmente senador, teria sido parcial ao condená-lo.
Na entrevista, Dirceu reforçou autocríticas vocalizadas recentemente por Lula sobre a estrutura do partido. Segundo ele, a legenda poderia ser “dez vezes maior” dado ao apoio eleitoral e social da sigla.
– Uma das tarefas principais é a disputa político-cultural e dos territórios. Nesses anos, houve uma mudança social e cultural enorme. Por causa do fundamentalismo religioso, por causa da ocupação dos territórios por força dos partidos de direita. E nós recuamos. Vimos agora no primeiro de maio [de 2023]. Não houve uma mobilização nacional – acrescentou;
Na Conferência Eleitoral do PT, realizada em dezembro de 2023, Lula fez críticas à atual capacidade política da sigla.
– Temos que nos perguntar por que um partido muitas vezes no discurso diz que tem toda a verdade e só conseguiu eleger 70 deputados. Por que tão pouco, se a gente é tão bom? Será que estamos tentando convencer o povo das nossas verdades ou temos que aprender com o povo para falar com eles? – perguntou.
Lula sustentou, naquela mesma conferência, que a militância deveria retornar ao trabalho de base.
– O dinheiro ainda pesa. Mas o trabalho de base não tem dinheiro que compre. E precisamos voltar a fazer trabalho de base. Bota uma bota e vai visitar cada casa, conversar com as pessoas. Vá na igreja, converse com o pastor, com as mulheres e homens que estão lá – reforçou.
Indo em direção contrária ao que disse a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, Dirceu disse que foi “quase uma covardia” não ter havido total apoio às propostas econômicas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
– Outro papel do partido é sustentar o governo, apoiar o governo. Quando o governo apresenta uma política, nosso papel é apoiar. No caso do Haddad, é quase uma covardia não dar apoio total a ele para aprovar todas as medidas que ele queria. Porque todas as medidas que ele queria, transforma o déficit zero num mal menor.
Gleisi e Haddad trocaram farpas ao longo do ano passado em razão da condução da política econômica nacional. A divergência continua em 2024. No episódio mais recente, já neste mês, Gleisi disse, ao jornal O Globo, que criticar as decisões do ministro da Fazenda é “um dever” e faz parte da tradição do partido.
(Pleno News)
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